É demais!
Ao sair em viagem no mês de janeiro, que é verão no hemisfério sul (pelo menos deveria ser) só tive o vislumbre de verão até chegar em Campos/RJ. Daí para baixo (até Porto Alegre/RS) foi só chuva. Uma pequena trégua no dia em que fiquei em Angra (pela manhã) e em Parati no dia seguinte, até chegar em Cubatão, onde fui devidamente recebido com uma chuva de canivetes (parecia que ia perfurar a jaqueta). Depois uma pequena manerada na autopista Manoel da Nóbrega (litoral sul de SP), parei em Registro para abastecer. Já ia escurecendo, quando a partir dali até Curitiba/PR a dita me perseguiu implacavelmente. Cheguei em Curitiba lavado até a alma.
Chuva das boas.
Eu não sei porque falo tanto disso, adoro dirigir na chuva. É desafiador, e porque não dizer, bonito. Para quem gosta é claro. A maioria se pela de medo. Medo dá, não vou mentir. Mas que é bom é...
Bem! Saindo de Curitiba, peguei chuva até perto de Floripa, e cheguei lá com uma pane na ignição com oxidação na partida. Por conta de quem...? Da chuva!
Tive a oportunidade de passar a tarde na Lagoa da Conceição (beleza), e no retorno para a pousada voltei de braços dados com ela. Não não, não! Não era uma catarinense, era a chuva mesmo, que não parou até o dia seguinte (dormiu comigo) quando cheguei à Tubarão. A partir dali nova manerada, até chegar em Porto Alegre/RS. Ela já não podia mais viver sem mim, nem eu sem ela.
Naquela noite - eu estava programado para ir para Pelotas no segundo dia seguinte - a dita arrasou Pelotas e municípios visinhos, isolando a cidade.
Bem. Alterei o roteiro e me preparei para ir a Bonito/MS, arrumei a bagagem, vi a previsão do tempo, e exatamente no roteiro pela via oeste do estado, incluindo SC e PR, seria céu de brigadeiro, desde que não seguisse ao norte pois a faixa de chuva era próxima...
Adivinha...?Isso mesmo, um erro na indicação que era só seguir em frente num trevo me conduziu a ela, a apaixonada chuva!
Fui em direção à Chapecó/PR e no caminho ela fêz aquela recepção prá ninguém botar defeito. Choveu amorosamente com direito a ventos fortes, trovões e relâmpagos (acho que é o inverso), e risco de raios, numa estrada sinuosa e desconhecida, sem acostamento. Tive que parar, para admirá-la. Não deu para continuar. Quando finalmente houve um armistício, segui em frente até Vitorino, onde pernoitei.
Dia de verão e céu de brigadeiro, seguia eu até que a 20 minutos de Dourados/MS, onde pernoitei, e mais uma vez fui recepcionada por ela. Daí para a frente já virou malandragem! Excetuando Bonito, que cheguei ainda pela manhã, à tarde a bela deu o ar de sua graça mais uma vez, e com raiva. As saídas seguintes sempre a céu limpo e recepção daquelas.
Quer ver? Não é mentira minha, mas a chuva que eu encontrei quando do retorno (passando por Dourados para abastecer) seguindo em direção à Nova Andradina para pernoitar próximo de Três Lagoas foi exemplar. Aquela eu acredito que até Nóe teria corrido para reconstruir a Arca.
O que foi aquilo?
Chuva fortíssima, rajadas de vento laterais da direita para a esquerda. Pensei que fosse sair da pista e a tarde virou noite. O vento era tão forte que estava arrancando as folhagens e galhos das árvores que margeavam a pista e jogando no asfalto. Tinha que estar desviando o tempo todo. O spray dos veículos pesados saíam ao lado esquerdo impedindo a visão da contra-mão, e assim era muito arriscada a ultrapassagem. Fui de leve, até chegar à noite(?) em Nova Andradina.
Saída apenas nublado e depois céu limpo nas Minas Gerais. Acreditem... a 20 minutos de Campina Verde, anoitecendo, ela não me perdoou. Pimba! E cheguei um pato molhado.
Dia seguinte e último da viagem até aqui em Pirapora/MG, nas margens do São Francisco. Do mesmíssimo jeito. Recepção acalorada. Estava quente mesmo quando cheguei em Pirapora.
Será uma "atração fatal" ?
Não deu para tirar fotos na chuva, principalmente do litoral sul do RJ até o norte de SP, que é dos mais lindos e exuberantes.
Ficam as fotos das mãos enrrugadas após três horas e meia de chuva na primeira leva, quando cheguei à Angra. Parecia a mão de um senhor de uns 200 anos...Murcha e rôxa.
Para finalizar, chove desde à noite até agora, dia 14 às 09:30 da manhã enquanto escrevo estas linhas. É amor demais...