segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


17 e 18/02/2009 – Mucugê até Lençóis/BA

Comprei remédios e me hidratei, em jejum até a noite, só na água de côco. Fui às 10:00 hs no Projeto Sempre-Viva, que é uma flor em extinção a qual o projeto está salvando e reintroduzindo na região. Mesmo em ramalhetes secos ela reage como se estivesse viva, daí seu nome. Segundo os pesquisadores ela resiste assim por até 50 anos. Desci a trilha das cachoeiras, sendo a mais bonita a do Tiburcino que tem um lago grande, antes e depois da queda dágua, onde ainda existem os restos de garimpo. De lá peguei a estrada em direção a Andaraí, outra cidade histórica, só que totalmente descaracterizada. Nem de perto chega a ser como Mucugê. No entanto as formações de arenito no Rio Piabas e as cachoeiras do Paraguaçu são ímpares. Tirei fotos e fui na Toca do Morcego. Tomei um refri e tirei mais fotos. Passei por Andaraí mas não vi nada que justificasse uma foto. Me larguei para Lençóis. Tive a sensação de não chegar nunca. Estava cansado. Na estrada abasteci com 7,483 lts para 205,30 km rodados, com média de 27,5 km/l, odômetro total em 56.781 e a 5.044,6 km desde Porto Alegre/RS. Arendi a fazer o Godó de Banana Dágua (verde picada com picadinho de carne de sol). O pessoal do restaurante Sabor e Arte em Mucugê foi muito atencioso. Do último abastecimento até Mucugê deu 54,9 km e 4.894,2 km de Porto Alegre. Não fui à Vila de Iguatu porque a entrada era de terra batida por mais 6 km. O cemitério bizantino em Mucugê é do ciclo do diamante desde 1855, tombado em 1980 pelo Patrimonio Histórico, sendo o único neste estilo nas Américas. Haviam outros locais interessantes e adquiri um roteiro completo da Chapada lá no Sempre-Viva, sendo o mais impressionante a Cachoeira do Buracão, que cai num grande buraco com 800 metros de profundidade. Gostaria muito de conhecê-la mas não vai dar tempo, pois alguns roteiros levam muitas horas e até mesmo dias. Tentei ir no Poço Azul, a placa indicativa dava 2,2 km mas ela de fato ficava a cerca de 20 km. Depois soube que estava interditada. Não há mais garimpo ou qualquer atividade de mineração na região, porque está proibido desde a criação do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Até uma mineradora de diamantes teve que ser desativada. Até hoje só haviam sido explorados os veios superficiais, e do subterrâneo só 30 %. Há uma verdadeira riqueza enterrada na região, mas só com lavra mecanizada. Anotei a quilometragem total em 56.806 no odômetro. Cheguei no final da tarde, arrumei uma pousada, logo na entrada, bem arrumadinha e preço bom. Deixei os malotes, e fui dar uma volta e fazer um reconhecimento do lugar. A pé naturalmente. A cidade é maior que as outras e bem preservada em arquitetura e construções originais. Parece com Olinda, cheia de altos e baixos. Gostei. Fui no ponto de apoio ao turista para ver os roteiros para as visitas do dia seguinte. Puts! É muita coisa! Que região rica! Até esportes radicais tem a valer. Não para mim que já passei da conta... Dei uma volta para tirar umas fotos enquanto ainda tinha um pouco de claridade, e em seguida retornei para tomar um banho, organizar as coisas e comer e ver e-mails na internet. A internet da pousada deu um piriri e estava fora do ar. Então me vesti de turista e voltei para o centro. De repente escureceu tudo... Blecaute geral... Bem na hora de abrir a tela do computador na LAN... Deu dois blecautes em Lençóis e a cidade ficou sem internet pelo resto da noite. Bem, saí para dar uma volta até a luz chegar, e fui comer algo. Voltei para a pousada e dei uma geral nas roupas de lavar e o que usaria no dia seguinte, e então fui dormir, pois queria acordar cedo e rodar mais possível, pois seria o último passeio antes de chegar em casa. Antes fiz as contas e o diário, e pela manhã separei o roteiro de visitas de forma que ficasse o mais próximo do outro e mais produtivo. Depois de amanhã volto pra casa. Bem, ainda à noite em Lençóis como não poderia faltar, uma baiana com uma banca de acarajé, e lá fui eu. A pimenta era fraca. Em tempo: estou com o indicativo do Blog do Relentos do Asfalto para consultar. Após o café da manhã, às 08:00 h em ponto saí para o passeio sozinho, onde fiz a andada (escalada) para o Poço do Diabo no Rio Mucugezinho, além da garganta do Diabo. Simplesmente imperdível! Depois sozinho de novo, no Morro do Pai Inácio, sendo o primeiro visitante do dia. Os gringos sempre vinham depois. Armava-se uma chuva e lá em cima tinha muito vento e frio, com uma leve garoa. De lá segui o guia Renan Gomes (refegosa@hotmail.com) por uma trilha de 20 km até a Pratinha e Gruta Azul. É simplesmente impressionante. Se não estivesse lá não acreditaria que existisse algo assim. Havia muitos micos ainda selvagem, que dava para nos aproximarmos, oferecendo comida. Depois de tanto sobe e desce fui, ainda seguindo o guia, para a Gruta da Lapa Doce. Um monstro de gruta, um encanto. Parecia saída do livro Viagem ao Centro da Terra, de Julio Verne. Fiquei devendo os outros roteiros, mas já eram 19:30 quando retornei em Lençóis. Ali paguei uma cachaça (garrafada ou misturada) ao nosso amigo guia, num boteco de um pernambucano de São bento do Una. Mais 2 acarajés e tapioca com carne seca desfiada e queijo coalho com manteiga. Fim de papo e fui tirar a conta do hotel e dormir. Amanhã já era retorno. Lembrando o restaurante O Bode no beco do Paço, de frente para o riacho. Tem um prato premiado, a moqueca de jaca, das fibras dos entre bagos, extraídos da jaca verde. Falei com a dona, e ela me disse que a receita era da avó dela, do tempo da fome.

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